Jornal de Pediatria
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Mello E.D; Luft V.C; Meyer F
Obesidade infantil: como podemos ser eficazes?
“É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de
forma significativa e que ela determina várias complicações
na infância e na idade adulta. Na infância, o manejo pode ser
ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado
a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de
uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da
obesidade.”(Pg.173)
“A quantidade total de gordura, o excesso de gordura em
tronco ou região abdominal e o excesso de gordura visceral
são três aspectos da composição corporal associados à
ocorrência de doenças crônico-degenerativas. O aumento
do colesterol sérico é um fator de risco para doença
coronariana, e esse risco é ainda maior quando associado à
obesidade. O sobrepeso triplica o risco de desenvolvimento
de diabetes melito21. Assim como a obesidade, o nível de
colesterol aumentado, o hábito de fumar e a presença de
hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e sedentarismo
são fatores de risco independentes para doença
coronariana. A obesidade é fator de risco para dislipidemia,
promovendo aumento de colesterol, triglicerídeos e redu-
ção da fração HDL colesterol. A perda de peso melhora o
perfil lipídico e diminui o risco de doenças cardiovasculares22.
Oliveira et al.23 referem que a qualidade da ingestão
é um fator de risco para doença coronariana e que a ingestão
da criança está intimamente relacionada com a dos pais.”( Pg.176)
“Hábitos sedentários, como assistir televisão e jogar
video game, contribuem para uma diminuição do gasto
calórico diário. Klesges et al. observaram uma diminuição
importante da taxa de metabolismo de repouso enquanto as
crianças assistiam a um determinado programa de televis
ão, sendo ainda menor nas obesas37. Então, além do gasto
metabólico de atividades diárias, o metabolismo de repouso
também pode influenciar a ocorrência de obesidade. O
aumento da atividade física, portanto, é uma meta a ser
seguida38,39, acompanhada da diminuição da ingestão alimentar40.
Com a atividade física, o indivíduo tende a
escolher alimentos menos calóricos41”(Pg177)
“Dificuldade em estabelecer um bom controle de saciedade
é um fator de risco para desenvolver obesidade, tanto na
infância quanto na vida adulta. Quando as crianças são
obrigadas a comer tudo o que é servido, elas podem perder
o ponto da saciedade. A saciedade se origina após o
consumo de alimentos, suprime a fome e mantém essa
inibição por um período de tempo determinado. A fase
cefálica do apetite inicia antes mesmo do alimento chegar
à boca . são sinais fisiológicos, gerados pela visão, audição
e odor. Esses estímulos fisiológicos envolvem um grande
número de neurotransmissores, neuromoduladores, vias e
receptores. A distensão do estômago é um sinal importante
de saciedade. Além de estímulos mecânicos, estão envolvidos
neurotransmissores e peptídeos, como colecistocinina,
glucagon, bombesina e somatostatina. A colecistocinina
tem sido considerada um hormônio mediador da saciação.
No sistema nervoso central, principalmente no hipotálamo,
encontram-se os sistemas serotonínicos do controle do
apetite. Outros peptídeos, como beta-endorfina, dinorfina e
Obesidade infantil . de Mello ED et alii”(Pg.177)
“A obesidade pode ser dividida em obesidade de origem
exógena . a mais freqüente . e endógena. Para a endógena,
deve-se identificar a doença básica e tratá-la. A obesidade
exógena origina-se do desequilíbrio entre ingestão e gasto
calórico, devendo ser manejada com orientação alimentar,
especialmente mudanças de hábitos e otimização da atividade
física61.
É essencial que sejam avaliados a disponibilidade de
alimentos, as preferências e recusas, os alimentos e prepara
ções habitualmente consumidos, o local onde são feitas as
refeições, quem as prepara e administra, as atividades
habituais da criança, a ingestão de líquidos nas refeições e
intervalos, e os tabus e crenças alimentares. Diminuir o
consumo de alimentos e preparações hipercalóricas já é
suficiente para a redução do peso62.”(Pg.178)
Fonte:http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n3/v80n3a04.pdf
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