Discacciati e Vilaça • Atendimento odontológico ao portador do HIV
Atendimento odontológico ao portador do
HIV: medo, preconceito e ética profissional
Discacciati.j.A.C; Vilaça.E.L
“A falta de preparo psicológico e o
medo da infecção podem ter várias
origens, uma delas a própria representação
social da a i d s, que, desde
o início da epidemia, afeta negativamente
tanto a população quanto
os profissionais de saúde (7, 47).
Por outro lado, a preocupação com
a perda de outros pacientes pode
ter algum fundamento (36, 37, 44,
48–50). Discacciati et al. (50) observaram
que 43% dos indivíduos entrevistados
não continuariam a se tratar
com seu cirurgião-dentista se soubessem
que o mesmo atendia pacientes
com a i d s.”(Pg.236)
“Como os pacientes ainda se mostram
muito preocupados com a possibilidade
de contrair o HIV no consultório
odontológico, ensiná-los sobre
as formas corretas de minimizar os
riscos de infecção cruzada parece ser
uma boa conduta a ser incorporada
na prática diária (50). De forma tranqüila
e racional, o cirurgião-dentista
deve conversar e educar seus pacientes,
de forma a contribuir para o combate
à “epidemia de medo” que
acompanha a a i d s. Além disso, esse
processo educativo evidenciaria a importância
da adoção de barreiras de
proteção, pois os pacientes têm observado
e aprovado essa conduta (24, 37,
51, 52).”(Pg.236)
“Outra questão ética é a cobrança de
honorários diferenciados para pacientes
portadores de HIV ou aids (3, 43,
44). A cobrança de preços exorbitantes
como forma de inviabilizar o tratamento
ou, ainda, de tirar proveito da situação,
é uma violação dos preceitos éticos.
O CEO relaciona algumas variáveis
que devem ser consideradas na
fixação dos honorários profissionais,
entre as quais não se encontra o estado”(Pg.237)
“Em primeiro lugar, deve-se frisar
que todo e qualquer indivíduo deve
ser tratado como potencialmente infectado,
uma vez que é impossível diferenciar
clinicamente pacientes infectados
assintomáticos dos não infectados.
O protocolo de biossegurança para
atendimento em consultórios odontológicos,
aperfeiçoado ao longo dos
anos, tem demonstrado ser eficaz na
prevenção da infecção pelo HIV.
O segundo ponto a ser considerado
é a questão do próprio respeito ao indivíduo
infectado que, numa fase da
vida em que pode se apresentar física e
e psicologicamente abalado, merece
um atendimento digno, onde devem
imperar a empatia e a solidariedade.”(Pg.237)
“Faz-se necessário alertar as instituições
de ensino superior quanto ao
papel que lhes compete, respondendo
pela formação científica e garantindo a
base fundamental para a formação de
profissionais de saúde conscientes de
suas obrigações legais e éticas (31). Para
Nassif (55), o papel da universidade
não é apenas formar especialistas, mas
pessoas críticas de suas próprias profissões,
que tenham a visão abrangente
para entender qual o seu papel profissional.
Além disso, os profissionais da
Odontologia devem buscar no CEO e
nos conselhos profissionais (federal ou
regionais) amparo para questões como
as aqui discutidas, assim como formas
de atualizar seus conhecimentos, a fim
de manter a postura ética e profissional.
Deve-se ressaltar que há muitos outros
pontos envolvidos na discussão
sobre Odontologia e aids. O cirurgiãodentista,
embora tenha conhecimento
científico, apresenta também confrontos
pessoais e limitações humanas.
Sabe-se que é muito difícil mudar preconceitos,
estigmas e crenças. A história
da aids extrapola as fronteiras da
ciência médica, expõe as fraquezas humanas
e os conflitos morais e se reflete
no profissional enquanto indivíduo.”(Pg.238)
Fonte: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v9n4/4819.pdf
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